Advocacy

Distrito de Montepuez acolhe mais de 8,401 crianças deslocadas do nível primário em Cabo Delgado

Segundo a ADRA Moçambique, trata-se de crianças em idade escolar provinientes dos distritos de Quissanga, Palma, Muidumbe, Ancuabe, Macomia, Mueda, Meluco, Nangade, Mocímboa da Praia e Ilha do Ibo, consoante dados abtidos do Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT) de Montepuez.
De acordo com Zacarias Quiumbe, representante do SDEJT a nível de Montepuez, só no presente ano aquele distrito acolheu mais de 8,499 crianças deslocadas, dentre as quais 8,401 do ensino primário e 99 do ensino secundário, com idades compreendidas entre 6 a 19 anos de idade. Neste universo estão também crianças deslocadas órfãs e sem acompanhantes vindos das regiões mais afectadas pelo conflito naquela província.

Por outro lado, o Director Pedagógico da Escola Primária Completa (EPC) de Mirige, Jaharane Impaite, revelou que dos cerca de 5,532 alunos matriculados para o presente ano na escola que dirige em Montepuez, cerca de 312 são crianças deslocadas, sendo 159 rapazes e 153 raparigas. Jaharane fez menção à escassez de apoio psicossocial como um dos factores que tem vindo a interferir significativamente no fraco aproveitamento pedagógico das crianças deslocadas.
“Apesar de não existir descriminação entre crianças deslocadas

e crianças locais a nível da nossa escola, temos notado ausências recorrentes por partes dos alunos deslocados, e isto pode estar associado à escassez do apoio psicossocial pós-traumático” disse Impaite
Para além das ausências recorrentes no período lectivo, Jaharane Impaite também disse que as crianças deslocadas têm demonstrado comportamento de stress, a falta de auto-controlo que tem se traduzido em espamos de choros e falta de concentração durante as aulas.

Refira-se que oconflito extremista em Cabo Delgado já forçou a deslocação de mais de 784 mil pessoas, incluindo 370 mil crianças, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de quatro mil mortes segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.
Este artigo foi produzido no âmbito da campanha global de Advocacia da ADRA “Toda Criança. Em Todo Lugar. Na Escola.”